Opinión

Recuperar o Seminário de Estudos Galegos

Dentro das muitas notícias negativas que nos trazem a diário os médios de comunicaçóm, de vez em quando aparece alguma positiva (parece que só os sucessos e o negativo som notícia). Consideramos enormemente positivo o anúncio de que o importante legado de Sargadelos-O Castro, criado com tanto amor e tanta dignidade por Isaac Diaz Pardo, com o apoio também de Luis Seoane, vai-se salvar para Galiza. A Junta autonómica tem um estudo avançado para criar uma Fundaçóm de titularidade pública, baixo a denominaçóm de Seminário de Estudos Galegos e presidida, como tem que ser, por Diaz Pardo. Esta Fundaçóm acolheria a alma e documentaçóm de Sargadelos, O Castro (cerámicas e editora), o Laboratório de Formas, o Instituto Galego de Informaçóm (IGI) e a sua sede de Sam Marcos em Compostela. Uma vez que presidência tenha formalizado isto, definitivamente, há de contar com os nossos sinceiros parabéns.


Os galegos nunca poderemos pagar o labor cultural e empresarial conjunto realizado polos exilados no argentino Rio da Prata. De recuperaçóm da nossa memôria histórica na própia Terra, sem ajuda económica oficial, por Diaz Pardo, Fernández Albalat e Seoane. Como ouro em pano conservaram os valiosíssimos documentos históricos do Conselho da Galiza no exílio, promovido por Castelao, e muitos outros documentos importantes. Como, por exemplo, os do Seminário de Estudos Galegos (em adiante SEG) e as suas actas fundacionais do ano 1923. Quando nos perguntam sobre o que consideramos mais importante como actuaçóm cultural na história da Nossa Terra, nunca o duvidamos e sempre contestamos que a revista Nós e as publicaçoes da sua editora, e o SEG e os seus trabalhos de investigaçóm, entre 1923 e 1936. Infelizmente, ao contrário que o acontecido em Catalunha com o Institut d’Estudis Catalans, recuperado na democracia pola Generalitat, aquí nenhum governo fez nada por recuperar um organismo semelhante como o SEG. Com vida só simbólica a partir de 1978, dentro do IGI.


Se deitamos uma olhada sobre a listagem de publicaçoes e os directores das diferentes secçoes do SEG, ficamos profundamente impressionados polo alto valor e interesse dos trabalhos de pescuda e a grande valia e dignidade das pessoas encarregadas de dinamizá-lo. Pensando sempre na Galiza, sem partidismos e sectarismos, tam presentes nos tempos actuais. Vultos importantes têm obra publicada no SEG : Cabanilhas, Carvalho Calero, Castelao, Cotarelo Valhedor, Filgueira, Bouça-Brei, Cuevilhas, Fraguas, Macinheira, Lourenço Fernandes, Boo Pita, Lanza, Otero Pedraio, Pardo, Pérez Bustamante, Tobio Roca, Tobio Fernandes, Carro Garcia, Gómez Moreno, Vicente Risco, Portela Paços, Arias Sanjurjo, Ramóm Mª Alher, Parga Pondal, Garcia Blanco, Iglésias, Ferreiro Cid, Gómez Martínez, e mesmo os portugueses Cardozo e Serva Pinto. Todo um luxo de nómina de investigadores de grande categoria nos seus diferentes campos de especializaçóm. Os directores das distintas secçoes do SEG eram, nada mais e nada menos, que Castelao (Arte e Literatura), Cuevilhas (Pré-História), Cabeza de Leóm (História), Carro Garcia (Arqueologia e História da Arte), Otero Pedraio (Geografia), Risco (Etnografia e Folclore), Luis Iglésias (Ciências Naturais), Parga Pondal (Geologia), Luis Tobío (Ciências Sociais, Jurídicas e Económicas), Cotarelo (Filologia), Filgueira (História da Literatura), Gómez Román (Ciências Aplicadas) e Diaz Rozas (Pedagogia, Educaçóm e Ensino).


Temos, por tanto, que recuperar o SEG e editar os seus trabalhos de forma facsimilar, tal como fez nom hai muito tempo a Deputaçóm de Ourense, em colaboraçóm com o Museu do Povo Galego, ao re-editar o último trabalho do SEG de 1936 sobre a nossa Parróquia de Velhe. E pô-lo em funcionamento de novo com as suas antigas secçoes, incorporando outras novas adaptadas aos tempos culturais que vivemos. Colocando na direcçóm das mesmas a pessoas com valores humanos, intelectuais e científicos, nas diferentes áreas. Sem partidismos, amiguismos e sectarismos tam típicos nesta nossa terra. Para evitar que entrem filisteos e mediocres que terminariam por fundir o novo SEG.


(*) Professor Numerário da Faculdade de Educaçóm de Ourense

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