Opinión

De calcuta a Santiniketon

Santiniketon é um bosque centenário com árvores milenárias e uns 25 quilómetros quadrados. O terreo foi adquirido polo pai de Robindronath, Devendronath, no ano de 1863, para o seu retiro espiritual e para meditar. Situado no interior de Bengala, a perto de 170 quilómetros de Calcuta, é um lugar formossísimo. A maior parte do tempo que passamos na Índia residimos aquí, por ser tam lindo e tranquilo e porque alberga o complexo educativo criado por Tagore o 23 de dezembro de 1901. Desde Calcuta a melhor alternativa para achegar-se a este lugar paradisíaco é utilizar algum dos muitos trens que saem durante o dia e a noite da estaçóm de Haura ao lado do sagrado rio Hugli (pronunciar ambas ‘h’ de forma aspirada). Junto com os nossos amigos Prosun e Nita tomamos um taxi calcutenho de cor marela que nos leva até a estaçóm. Cruzamos as ruas da antiga cidade, entre gentes que vam e vem por lugares ateigados, por mercados nos que se vende de todo. Atravessamos a famosa ponte sobre o sagrado rio, cheia de pessoas, de coches, de autobuses e de carros carregados com infinidade de mercadorias. Esta ponte de ferro, que é cruzada por mais de um milhóm de pessoas ao dia, é um auténtico espectáculo. Chegamos à estaçóm despois de quase uma média hora. Alí os moços que carregam os bultos rifam-se para levar os nossos. A estaçóm principal de Calcuta é outro grande espectáculo. Cheia de vida, saem dela e entram infinidade de trens procedentes de todos os estados, cidades e lugares do grande continente índio. Miles e miles de viajantes vam e vem. Outros esperam. E de passo todos disfrutamos com o espectáculo dos músicos ambulantes, dos encantadores de serpentes, dos vendedores de todo tipo de cousas : frutas variadas, chá, café, frutos secos... A verdade é que resulta de todo impossível aburrir-se. Cada segundo tes uma cousa para ver, ouvir e cheirar. E se queres também para exercitar o sentido do gosto. O bilhete em vagóm normal nom custa mais de 40 rúpias que é o equivalente a umas 160 ptas. Ir nestes vagoes tem a vantagem de relacionar-te melhor com os viajantes e conhecer mais em directo a realidade. A gente é toda encantadora e gosta muito de falar. Existe um vagóm climatizado no que o bilhete custa cinco vezes mais. É cómodo para descansar na viagem ou dormir, mas nom tem a vida dos outros.


Os estrangeiros temos sempre direito a asento, pois existem algúns reservados para os forasteiros. Nom devemos esquecer que na Índia os estrangeiros somos sagrados para eles. As mais de duas horas e média da viagem passam sem um dar-se conta. A cada momento aparece alguém para entreter-nos. O músico e cantante, que é já um grande amigo nosso, que, acompanhado com o seu harmónio nos deleita com os formosos can tares de Tagore em bengalí. Em algúns que conhecemos e sabemos cantar acompanhá-mo-lo. O músico ambulante baúl que toca a sua ektara de uma corda e canta os seus lindos cantares devocionais. Os rapazes disfraçados que relatam antigas lendas índias. Numerosos vendedores de chá, de café, de frutos secos, de frutas... O limpa-botas que te limpa os sapatos fantasticamente, como bom profissional do ofício, por dez rúpias. Os vendedores de jornais, livros e revistas em inglês, bangla e hindi. E também os que solicitam uma esmola porque som cegos ou mancos. Entre cada um destes ‘espectáculos’ disfrutamos da paisagem verde dos campos de arroz e de patacas. Dos terreos cheios de flores marelas das plantas de mostaza, das que sacam o aceite. Dos miles de aldeias com as suas palmeiras, os seus bananeiros e o seu estanque, chamado pukur, ao lado. Dos labregos detrás dos arados, tirando dos bois ou sobre os carros de vacas caminhando polos sendeiros. Dos múltiples pássaros de cores. No roteiro passamos pola antiga localidade ’portuguesa’ de Bandel, polo estado de Hugli cheio de jardins com flores, e pola cidade de Bordomám. Ao chegar à estaçóm de Bolpur todo tipo de rissacks e taxis querem levar-nos até Santiniketon. Da vida neste lugar da paz falaremos num próximo artigo.

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