Opinión

Oleiros da Bengala india

No ano 1969 montamos a peça teatral de Tagore O Carteiro de Rei, com os estudantes da nossa primeira escola, a numero 5 de Ourense no bairro de Marinha Mansa. Esta formosa obra tem uma cena em que o protagonista, Omol, fala com o vendedor de requeijom tradicional, que em Bangla ainda hoje vai cantando por ruas, caminhos e corredoiras na sua lingua ’Doi-doi-doi, bhalo doi’. Em galego seria assim como ’Requeijinhos, requeijinhos, requeijinhos, bons requeijinhos’. O rapaz protagonista fala com o Doi-wala (vendedor de requeijom) sobre os seus lugares e aldeias, dos montes de Pamchmura e do rio Samli. Pensávamos, equivocadamente, que Robindronath inventava estes nomes. Que eram lugares imaginados por ele.


O outro dia dando umha olhada ao mapa de Bengala Ocidental, encontramos nom sem surpresa, que existiam o rio e a aldeia no distrito limítrofe a este em que estamos, com o nome de Bamkura. Nom duvidamos um momento para ir ali. Alugamos um táxi e veu connosco um rapaz de Santiniketon que quer aprender galego-português, chamado Toton Kundu, que ademais tem ali muita família. Saímos de madrugada e em Beliatore encontramos o famoso rio citado por Tagore. Tiramos várias fotos do mesmo e a verdade e que é muito formoso. Depois de passarmos por Durgapur e Vishnupur, chegamos ao lugar mais encantador que possamos imaginar. Chegamos a Pamchmura, povo situado no alto da terra-chá anterior. Um povo todo de oleiros, onde avonda o barro vermelho (em bangla chamam-no lal mati). Um oleiro chama-se aqui kumor e em plural kumorguli. As gentes som encantadoras e alegres. Fomos realmente muito felizes com eles e prometemos voltar no ano próximo. Tiramos fotos e compramos algumas pequenas peças. Conhecemos umha nena, filha de oleiro, chamada Chitra Pal (Chitra e o nome de dous livros de Tagore, um de teatro e um outro de poemas). Também um neno chamado Sumom, que significa bom coraçom. Bom corazom e o que tenhem estas gentes de Pamchmura, dedicadas durante geraçons ao trabalho artístico do barro, a mexer o torno e cozer as obras feitas com amor polas suas maos. E logo a seguir a levá-las por toda a Ìndia e, especiamente, polas feiras de Bengala.


Uma vez reveladas as fotos encontramos algumas maravilhosas. E lembramos com carinho a nossa amada Galiza. Dos oleiros de Ninho d’Águia e Luintra; dos de Salvaterra; dos de Bunho, que conservam hoje esta arte milenar; dos de Sober-Gondivós e das localidades de Oleiros, em Corruvedo, e perto da Corunha, onde o nosso cunhado Alfredo levou a cabo um magnifico trabalho no concelho, que todos os anos organiza umha grande feira dedicada a olaria. Também lembramos o nosso grande amigo Filipe Seném, amante como ninguém da arte popular. Seria bonito levar a Galiza algum dia os oleiros ou kumorguli da Pamchmura bengali.

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