Opinión

Os pássaros de cores cantam em bengalí

O grande escritor espanhol Ramón Gómez de la Serna dizia que o idioma bengalí ou Bangla era tam lindo que nel cantavam os pássaros de cores. Nom lhe falta razóm ao famoso escritor. Em bengalí escreveu toda a sua inmensa obra o Nobel Robindronath Tagore. E também outros menos conhecidos também importantes, como Vidiasagor, Bonkim Chateryi, Modusudon Dotto e na actualidade Sunil Gongopadhay. O Bangla é o idioma oficial de Bangladesh, com 130 milhoes de falantes e cuja capital é Dhaka. E o do estado índio de Bengala, com 83 milhoes de habitantes, e por capital Kolkata, cidade de mais de 13 milhoes de pessoas. Certamente o Bangla é um idioma formosíssimo. Por isso, com acerto, existem os que pensam que é o italiano de Ásia. E também o idioma do amor, pola sua dozura e formosura. Para poder ler nos seus originais a Tagore, e para poder entender-me com estudantes e professores de Bengala, a onde viajo cada ano, estou a estudar este belo idioma. Já o sei ler e escrever -tem muitas letras e diferentes às nossas- e conheço muitas das suas palavras. Embora, aínda tenho dificuldades com os verbos, que som básicos para poder falar, pois nom existe publicado um dicionário bengalí de verbos. Infelizmente só existe um dicionário castelhano-bangla bastante incompleto e hai que acudir aos ingleses que têm deturpado muitos vocábulos bengalíes. A fonética do Bangla é muito semelhante à castelhana e à portuguesa e mais aínda à italiana. Quando recito poemas ou canto cantigas bengalíes, os meus amigos da bonita terra de Bengala ficam asombrados da minha fonética. O secreto está precisamente na similitude fonológica com os dous idiomas que domino, o galego-português e o castelhano. Agás tres fonemas, o b, o d e o t, para os que, com 4 letras diferentes em cada um, os bengalíes diferenciam 4 sons distintos, e que o nosso ouvido nom pode discernir, por nom estar habituado, dado que nós só temos para estes um único símbolo e fonema, todos os demais fonemas som exactamente iguais ao castelhano. Polo demais, o galego-português ajúda-nos muito, pois o Bangla tem várias nassalizaçoes e também o ’xis’. Em Bengala comprendemos porque é tam difícil para os ingleses aprendé-lo, devido à disparidade fonética de ambos. Por isso quando a Índia foi um domínio colonial inglés, ao nom poder pronunciar, fizeram a barbaridade de mudar os topónimos e apelidos bengalíes por outros diferentes dos originais e auténticos.


De onde vem o Bangla? Igual que o assamés e o hindi, que é o idioma oficial de toda a Índia, procede do sánscrito, antigo idioma no que aínda os hinduistas recitam as oraçoes, irmao do latim e do grego e por tanto, filho do chamado indoeuropeu. Por isso hai no Bangla infinidade de raízes e dessinéncias semelhantes às do castelhano. E, por se fosse pouco, o galego-português emprestou-lhe ao Bangla mais de 80 palavras, que com plena vigéncia estam incorporadas de facto no mesmo. E com o mesmo significado. Entre elas destacamos saia, janela, varanda, chave, balde, canasta, cadeira, chá, jabróm, ananás e dália. Resulta curioso também que fosse em Lisboa, no século dezassete, onde se publicou a primeira gra mática do Bangla. Os portugueses, muito apreciados em Bengala oriental e occidental, foram os primeiros, com Vasco da Gama à cabeça, que chegaram às terras do golfo bengalí. Ao contrário que os ingleses, os nossos irmaos portugueses relacionavam-se com os nativos e mesmo se casavam com as formosas mulheres destas terras. Isso explica o das 80 palavras nossas incorporadas no seu idioma, e que sejam tam apreciados os nossos vizinhos do outro lado do Minho. Mesmo quando em Bengala nós mesmos dizemos que a Galiza, situada ao norte de Portugal, tem o mesmo idioma que o deste país e o de Brasil, Timor e os 5 países africanos de expressóm galego-portuguesa, ficam surpreendidos e terminam tratándo-nos com mais agarimo se cabe. E admiram-nos por estar estudando o seu belo idioma, dirigindo-se a nós com muito respeito, por exemplo, nos aeroportos de Dhaka e Kolkata.


Quando eu digo aos bengalíes o nome da minha cidade, botam um sorriso complacente, porque em Bangla Ourense é ’Sonarpur’, que significa ’Cidade de Ouro’ e em Bengala existem muitos lugares com este topónimo. Bangladesh conseguiu a sua indepêndencia alá polos anos setenta. O detonante fundamental foi o idioma Bangla. E mesmo Naszrul Islam foi um poeta mártir naquela altura, que morreu polo seu idioma e o seu país. Por isso todos os 21 de fevereiro comemora-se nestas terras com grande fervor e muitos actos o ’Dia internacional da língua materna’.

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