Opinión

Vagalumes e Joaninhas

Na linda Bengala indiana, e também na Oriental, a riqueza entomológica é impressionante. Para os que amamos a vida, a natureza, as flores, as árvores, as plantas, os pássaros e todo tipo de animais, Bengala é um verdadeiro paraíso. Aqui há vida continuada. Todos os dias nascem infindade de criaturas. E, ao contrário que no mundo Ocidental, também nascem crianças, que em geral som muito bem tratadas e educadas polos seus pais e, especialmente, polas maes. Em Santiniketon, que e onde passamos a maior parte do tempo, a natureza é impressionante. Uma das razons é que nom existe poluiçom, nem do ar nem luminica. De noite o céu é maravilhoso e as estrelas tenhem grande resplendor. Quando há lua cheia, que eles chamam purnima, a noite e fantástica, pois a temperatura em Dezembro e Janeiro também é boa. De dia podes ver o javali, que é doméstico, e uma mae dando de mamar aos seus filhotes. Podes ver famílias de macacos, que aqui chamam honumam. Cans de todos os tamanhos e cadelas amamantando canzinhos. Cabras, vacas e vitelas, ovelhas e cordeiros. Búfalos puxando dos carros, pássaros de todos os cantos e cores. Jilgaros, corvos, rouxinóis, petos, cucos, os salik de bico amarelo -que nos nom temos-, canários, petos reais ou viche-lo-cregos, águias, pombas, patos, louros e catorras. O outro dia mesmo pudemos observar um moucho, que muito nos alegrou porque aqui também dim que se o vires vais ter sorte. E por isso os artesaos da madeira, o papel e o barro elaboram figuras com todos estes animais, entre os quais destaca o moucho, que o podes encontrar feito em todo tipo de materiais, que aqui também som abundantes. Por isso também existem infindade de cançons populares sobre todos os animais.


Entre os animais que podemos ver e disfrutar das suas variadas cores estám infindade de insectos. Aqui sempre nos lembramos do nosso grande professor de Organografia do Instituto Laboral de Lalim, J. Carmelo Donhate. Um dos temas de que mais gostava era o dos insectos. Tanto que tínhamos que aprender a sua classificaçom de memória, que ainda sabemos hoje, e na Primavera elaborar uma caixa para fazer uma colecçom de insectos. As borboletas aqui som muito formosas. Os cavalinhos-do-demo, os saltons, os grilos que cantam de noite e as vacalouras, macho e fêmea. Os mais molestos para nos som os mosquitos. Também os vermes que furam as páginas dos livros, que os bengalis chamam poka. Mas, como na Galiza, os coleópteros mais queridos em Bengala som os vaga-lumes e as joaninhas. Também aqui som conhecidos por muitos e variados nomes, por ditados, refráns, poemas e cançons. O mesmo Tagore escreveu muitos poemas e cançons sobre eles. Antes de vir para Kolkata, em Santiniketon, observamos às noites infindade de vaga-lumes ou pirilampos que nos trouxeram à memória a festa do Sam Pedro de Doçom, no mes de Junho, quando os nossos tios nos levavam à festa e comíamos numa carvalheira, alá polos anos cinquenta. No cámpus da Morada da Paz também há muitas joaninhas, que comem insectos maus. Há dous tipos, as boas e as que picam. Sendo crianças cantávamos aquilo de ’Joaninha, voa, voa, que teu pai vai em Lisboa’, quando se nos pousava na mao. Se som seres tam queridos e se sobre eles há tantos ditos e tantos nomes, tem que ser por algo. Esse algo tem que ver com o seu valor ecológico. Infelizmente hoje os ervicidas estám a acabar com eles na nossa Terra. O vaga-lume tem de nome cientifico ’lampyris nocticula’ e a ’joaninha coccinella septempunctata’. O que no seu dia nos ensinou Donhate. Um emite luz, que e algo do que hoje muito necessitamos no mundo. A outra traz sorte, segundo o sentir popular, porque é muito ecológica. Em bangla, a joaninha tem de nome chanchiki, tantiki ou kutipoka e em santali baluo (com acento no o). O vaga-lume é conhecido por ionaki e na língua dos santais por vakaiulu. Nom lhes recorda este nome a vaga-lume?

Te puede interesar